Ouça este texto gravado aqui: hea de graveadne tekst do hia:
Dorrich di blum chpreche
Was betait das?
Es betait en geschpreech halle mit en anna person foa de khenna, un blumiche wétta chpreche in de chprechung fa di khenna net faschtehn was ma menne wollt.
Friasch wóod das gans gemeen gewêes das hauptsêchlich di frólait sich baisama gesetst hon, in em halwe mittach, ene thee getrunck hon oda ene sisse thee, un geschproch hon iwa alles. Dan hot es óoch di geschpreecha geb iwa krankhéde, iwa séks, iwa muhle iore, iwa di medcha sain khenna un sain menstruatsion, iwa óbaklóbunge, iwa kwatscherai, iwa supositsionen un iwa nochbere's lewe.
Un, wall dan di klene khenna muste uffgepast gewe fon de mámai un fon de wowo, muste si sich debai setse una dem geschpreech fon de elltre, di fróolait. So, tswischen de hunsricka chprooch familie, hon di en geschpreech gekrinnt wo ma nénne tut: dorrich di blum chpreche. Es wóod so:
Fa di wetta in de chprechung ene sinn hon, harre di lait im geschpreech óch en bissie getsaichtun debai. Awa noore im geschpreech konnt ma chon sich foa chtelle was alles betaite wollt.
Ene eksempel fon en geschpreech dorrich di blum foa de klene khenna in de tsait wo de thee gelóof is:
- Irma, du kannst es net mea glóobe das di Hiliats Lori chon de oks am ónbenne is!
(Fa de ríchtiche sinn se faschtehn: "Irma, du kannst es net mea glóobe das di Hiliats Lori chon am nôo losse is se menstruire!") - Sóod di Tsilli fa sain fróindine iwa'm thee trinke mit de Agnes, di Leonila, di Katrin un di Maria. Leonila antwort chpêttlich:
- Das is wall sicha es griine futta in sainem chtall ans énn kom is!
("Das is wall sicha saine mann nimmi mit si am fechle is!")
All hon se gelacht. Di Agnes sóod:
- Ich menne es weat meh wall di Lori net génn bowre esst!
("Ich menne es weat meh wall di Lori tsu fett is!)
Nommo fill lacherai. Do, is en tsaitche bissie alles ruich geblib bis so tswói oda drai saine siisse the gedrunck harre, do hot es geschpreech sich getsôo tsu krankhéde un kwatscherai. Leonila hot óngefangt:
- Saua's Marlene sainem mann is in di trockend plantóoj gang wal ea hot sich in de léhm gemischt.
("Saua's Marlene sainem mann hot bankarrot gemach wall ea hot sich mit de hurre gemischt").
Alle fróolait hon sich fawunnad. Agnes hot gemennt:
- Nach, de wóod doch ima so fill millie am plantse mit sain fró in alla óode... ...es is negst unnklóbich das de musst sich in de léhm mische!
("Nach, de wóod doch ima foll tsértlichkhéd mit sain fróo uf alla pletsa... ...es is negst unnklóbich das de musst sich mit de hurre mische!")
- Awa dea misst faschtehn das niemand wéhs meh wi das pelussne bobche.
("Awa dea misst faschtehn das niemand wéhs was passiat tswischend fia wend").
Das hot di Katrin gesóod. Glaich hot di Agnes geménnt:
- Wusst dea das de Clara sain motta, di Ana, das di hot kreps bissung am énn fo'm roa gefunn?
("Wusst dea das de Clara sain motta, di Ana, das di hot kreps am óschdórem?").
- Óorem fróo! - Mennt di Leonila. - Dann wet si chon sicha gans fiks an di holts brette gehn!
("Óorem fróo! - Mennt di Leonila. - Dann wet si chon sicha gans fiks chterwe!")
- Nêe! - Antwort di Katrin. - Di sóon do romm das di fróo am kêmische thee am drinke is.
("Nêe! - Antwort di Katrin. - Di sóon do romm das di fróo kêmische terapii am mache is").
- Es kann nommo si tsu de plantóoj bringe! - Mennt di Tsilli.
("Es kann nommo si gesunt mache! - Mennt di Tsilli.)
Maria hot es geschpreech getruckt:
- De hémm léeft alles tswischen de kamma redda, ohne ehl. Maine mann is am chaffe wi ene oks, awa di tsenn fon de kamma redda presse alles.
("De hémm léeft alles in chulde, ohne gellt. Maine mann is am chaffe wi ene oks, awa di faschídene chulde presse alles").
- Och Maria, do is doch ene ausgang: geh an das ehl tippe und beschtell ehl genuch das di kamma redda nomo laicht ónfange se lóofe! - Sóod Leonila.
("Och Maria, do is doch ene ausgang: geh uf di bank, mach en lehnung genuch das alles nomo richtig tsu lóofe geht").
In de gans tsait hon di khenna do debai gesitst, siise thee mit gedrunkt un niks fon dem geschpreech faschtan. Ia, das wóod wal di fróolait dorrich di blum geschproch hon.
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TRADUÇÃO:
Falar através da flor
O que significa isto?
Significa manter uma conversação com outra pessoa diante das crianças e falar palavras 'floreadas' (que tem outro sentido) na conversação para as crianças não entenderem o sentido do que se quer dizer.
Antigamente era bastante comum que, principalmente as mulheres sentavam juntas, na metade da tarde, tomando um chimarrão ou um mate doce, e falavam sobre tudo. Então também aconteciam as conversas sobre doenças, sobre sexo, sobre adolescência, sobre a primeira menstruação das meninas, sobre superstições, sobre fofocas, sobre conjecturas e sobre a vida da vizinhança.
E porque as crianças pequenas tinham que ser cuidadas pela mãe e pela avó, elas tinham que ficar sentadas junto na rodinha de conversação das adultas, as mulheres. Então, naquela época, no meio das famílias de língua hunsrickisch, elas criaram uma forma de se comunicar que chamamos de: falar através da flor. Era assim:
Para as palavras terem sentido na conversação, as pessoas tinham no meio da conversação também alguns gestos de mímica. Mas, somente na conversa também já se podia imaginar o que tudo queria significar.
Um exemplo de conversa através da flor na frente das pequenas crianças enquanto o chimarrão corria:
- Irma, você pode não me acreditar que a Lori Hilgert já 'está amarrando o boi!'
(Para se entender o verdadeiro sentido: "Irma, você pode não me acreditar que a Lori Hilgert já está deixando de menstruar!) - Disse a Cecília ara suas amigas enquanto tomava o chimarrão com a Agnes, a Leonila, a Catarina e a Maria. Leonila respondeu debochando:
- Isto é certamente porque o 'pasto verde em seu paiol acabou!'
("Isto é certamente porque seu marido não transa mais com ela!")
Todas riram. A Agnes disse:
- Eu acho que é mais 'porque a Lori não gosta de comer moranga!'
("Eu acho que é mais porque a Lori é muito gorda!")
Novamente gargalhadas. Então, um tempinho ficou tudo quieto, até que duas ou três tomaram seu mate, então a conversa se extendeu para doenças e fofocas. Leonila começou:
- O marido de Marlene Sauer 'entrou na plantação seca porque ele se envolveu na lama.'
("O marido de Marlene Sauer foi à falência porque se envolveu com prostitutas").
Todas as mulheres se admiraram. Agnes achou:
- Ué, ele sempre 'estava plantando tanto milho com sua mulher em todos os sentidos... ...quase não dá para acreditar de que ele teve que se envolver na lama.'
("Ué, ele sempre estava todo carinhoso com sua mulher em todos os lugares... ...quase não dá para acreditar que ele se envolveu com prostitutas!)
- Mas vocês precisam entender que ninguém sabe mais do que 'o bonequinho de pelúcia'.
("Mas vocês precisam entender que ninguém sabe o que acontece entre quatro paredes").
Isto foi dito pela Catarina. Logo a Agnes palpitou:
- Vocês sabiam que a mãe da Clara, a Ana, 'que ela encontrou mordidas de escorpião no fim do cano?'
("Vocês sabiam que a mãe da Clara, a Ana, tem câncer no reto?")
- Coitada da mulher! - Palpitou a Leonila. - Então ela já certamente bem ligeiro irá 'até às tábuas de madeira'!
("Pobre da mulher! - Palpitou a Leonila. - Então, certamente ela irá morrer ligeiro").
- Não! - Respondeu a Catarina. - Dizem por aí que a mulher 'está tomando chá químico'.
("Não! - Respondeu a Catarina. - Dizen por aí que a mulher está fazendo tratamento por quimioterapia").
- Isto pode novamente levá-la de volta à roça. - Opinou a Cecília.
("Isto pode novamente fazê-la saudável. - Opinou a Cecília").
Maria trocou de assunto:
- Lá em casa tudo anda entre engrenagens sem lubrificação. Meu marido está trabalhando como um boi, mas os dentes da engrenagem pressionam tudo.
("Lá em casa tudo anda em dívidas, sem dinheiro. Meu marido está trabalhando como um boi, mas estas dívidas pressionam tudo").
- Ó Maria, existe aí uma saída: vai até o reservatório de óleo e encomenda óleo o suficiente para que as engrenagens facilmente comecem a andar. - Disse a Leonila.
("Ó Maria, existe aí uma saída: vai até o banco, faça um empréstimo o suficiente para que tudo novamente corra normal¨).
No tempo inteiro as crianças ficavam sentadas junto, tomando mate doce e não entendendo nada da conversa. Sim, isto era porque as mulheres falavam através da flor.
Publico aqui histórias hilárias que são contadas de geração em geração e assuntos do dia-a-dia, todos em alemão Hunsrickisch (Deutsche Hunsrücker). Publico também a sua tradução, para que possa ser pesquisada e aprendida esta maravilhosa língua. Ainda, tem textos práticos para o uso da língua, expressões, verbos, tirar dúvidas, enfim, um curso para aprender ou rever o Hunsrickisch. Na maioria dos textos incluo o áudio para você ouvir a pronúncia. "Esta é nossa língua!" "Das is unsere chprooch!"
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