São Sebastião do Caí, Rio Grande do Sul, Brazil

domingo, 13 de novembro de 2011

Direito de Resposta do IPOL

Prezados leitores do Blog,
Tive um pedido de resposta sobre um artigo escrito e elaborado pelo Jornalista Ozias Alves Jr. do Jornal Biguaçu em Foco, de sua inteira responsabilidade, o qual transcrevi aqui no blog por achar ele ser de interesse coletivo. Mas, como veremos abaixo, algumas afirmações no artigo não são exatamente descritas como deveriam ser, gerando portanto algumas inverdades, rebatidas neste email do IPOL (Instituto de Políticas Linguísticas), o qual transcrevo literalmente aqui, abrindo espaço para direito de resposta. 
O link do artigo original está aqui:


Florianópolis, 12 de novembro de 2011.

Prezados Senhores,
Recentemente tomamos conhecimento do texto Uma escrita para a língua Hunsrickisch: qual o melhor caminho? de autoria do Sr. Ozias Alves Jr., publicado em 2 de maio de 2011 pelo Jornal Biguaçu em Foco e reproduzido na mesma data pelo Blog http://hunsrickisch.blogspot.com cujo responsável é o Sr. Pio Rambo. Neste texto, o autor cita e comenta a atuação do IPOL no Município de Antônio Carlos, Santa Catarina, divulgando infromações inverídcas. Diante da gravidade da situação, solicitamos que seja publicado, como direito de resposta, o texto que segue (no corpo do email e também em anexo), em que esclarecemos ao público em geral e a nossos parceiros, em particular, pontos de equívoco da referida matéria, sobretudo quanto ao trabalho que o IPOL desempenha.

1. Em relação à questão posta pelo jornal:

“Uma Escrita para o Hunsrück: Marcando Bobeira?. Dirigido ao secretário de educação de Antônio Carlos, Fábio Egert, e ao vereador Altamiro Kretzer (PT), autor do projeto de lei aprovado em setembro do ano passado transformando o Hunsrück no segundo idioma oficial daquele município, o artigo visou levantar uma questão importante: se a gente ficar dando importância a instituições universitárias, não sairemos do lugar.

Explico-me melhor: Fábio Egert disse-me, en passant, que a prefeitura estava negociando com o IPOL (Instituto de Políticas Linguísticas) um projeto para a elaboração de pedagogia e escrita para o idioma.”

1. Informamos que:

O IPOL não é instituição Universitária. É um Instituto que atua na promoção de políticas públicas para as línguas brasileiras, reconhecido pela sua atuação desde 1999 e cujo estatuto e atividades podem ser consultados no site www.ipol.org.br

O IPOL é uma instituição que atua em parcerias, prezando pela execução dos programas de trabalho. Em relação a Antônio Carlos, não houve nenhum programa acordado para elaboração de escrita do Hunsrück. O Instituto teve a honra de, a convite do Vereador Altamiro A. Kretzer e do Sr. Secretário da Eduação, Fabio Egert, atuar na promoção de audiências públicas visando a co-oficialização do Hunsruck. A discussão sobre a escrita é de direito da comunidade linguística de Antonio Carlos, que tem autonomia para assumir a posição que melhor atenda suas expectativas. O IPOL entende que o melhor caminho para a escrita da língua em Antonio Carlos é parte constitutiva da política linguística conduzida pelo Município. Certamente o Município poderá, para essa nova fase, continuar contando com a participação do IPOL tendo em vista sua qualificação técnica e sua comprovada experiência na área.

2. O referido texto publicado afirmou também:

“Professor Gilvan Müller de Oliveira, presidente do IPOL, é contra o sistema de escrita elaborado pela dra. Ursula Wiesemann, adotado pela cidade de Santa Maria do Herval (RS). Respeito sua posição, mas para fins práticos, o melhor sistema para Antônio Carlos é adotar a escrita de dra. Ursula. Os motivos são óbvios: é simples, prático, não precisa ser ensinado e é GRATUITO.

Temos de ser mais práticos para sair do “atoleiro”

REFLEXÃO- Temos de tomar muito cuidado com universidades. Eles falam bonito, cheio de citações aqui e acolá, mas têm um grave defeito: não são práticos e custam caro.

O assunto dá um livro, mas tentando resumir em rápidas palavras: o pessoal de universidade está mais preocupado em produzir dissertações de mestrado e teses de doutorado do que em questões práticas.

Dou um exemplo. Existe um professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul chamado Cléo Altenhofen. Este cidadão é considerado o maior especialista no idioma Hunsrück. Em 1996 ele publicou sua tese de doutorado, um calhamaço intitulado “Hunsrückisch in Rio Grande do Sul. Ein Beitrag zur Beschreibung einer deutschbrasilianischen Dialektvarietät im Kontakt mit dem Portugiesischen” (Tradução: O Hunsrück no Rio Grande do Sul: Descrição de uma variedade dialetal alemã em contato com o português).

Este professor, muito ligado ao citado professor Gilvan Müller de Oliveira, faz parte de um grupo de “especialistas” que defende uma escrita para o idioma com poucas variações com relação à escrita tradicional alemã.

Bonito, ótimo e maravilhoso. Mas espera aí. O que de prático o professor Altenhofen trouxe para as comunidades falantes de Hunsrück? Por acaso, já publicou um livro explicando sua escrita e distribuiu às comunidades? Já escreveu um dicionário tão necessário para o desenvolvimento da pedagogia desse idioma? Já traduziu algum livro de literatura interessante nesta língua, que a domina muito bem certamente, para incentivar o aparecimento de “bibliotecas” neste idioma?

Essa turma produz calhamaços e mais calhamaços de estudos, mas nada de prático para ajudar as comunidades Hunsrücker a desenvolver o uso escrito do idioma e outras atividades necessárias para sua divulgação.”

2. Informamos que:

Uma vez que não houve proposta para elaboração de escrita por parte do IPOL, a afirmação acima constitui uma falácia. A menção pública de opinões de pessoas também públicas e conhecidas como o Sr. Gilvan Muller de Oliveira e o Sr. Cléo Vilson Altenhofen devem ser validadas por elas, a custo de estarem, os jornais, incorrendo em difamação. Neste caso, constitui lei de imprensa que o Sr. Cleo e o Sr. Gilvan respondam neste jornal a estas acusações que lhes são dirigidas. No caso da menção dos modelos de escrita pelo IPOL durante audiências, o Sr. Ozias claramente confunde a menção às propostas existentes como forma de abertura de um debate junto à comunidade, com defesas e acusações que não existiram, exceto no texto que ele publicou.

3. Quanto à proposta de trabalho para Antônio Carlos, os referidos meios publicaram:

“Explico-me melhor: Fábio Egert disse-me, en passant, que a prefeitura estava negociando com o IPOL (Instituto de Políticas Linguísticas) um projeto para a elaboração de pedagogia e escrita para o idioma.

Até aí, nada demais. Afinal, como o Hunsrück já é o segundo idioma oficial da municipalidade de Antônio Carlos, é preciso avançar e a meta é oferecer um dia alfabetização neste idioma nas escolas públicas daquela cidade.

Então, Fábio falou que o preço do trabalho (ou do início do mesmo) estava entre R$ 20 mil ou R$ 30 mil, não me recordo direito. Humm! Também nada contra, mas espera aí: entidades universitárias não levam a lugar algum.”

3. Informamos que:

A Secretaria da Educação de Antonio Carlos solicitou ao IPOL uma proposta, portanto, um instumento de negociação, e esta contempla outros focos de promoção da língua que nada têm a ver com a escrita do Hunsrück. A publicação de informações aleatórias, descontextualizadas e sem comprovação constitui ação de agravo moral e desrespeita a ética com que o IPOL sempre conduziu suas parcerias. Diante desse quadro, o IPOL solicita esclarecimentos sobre os valores expostos e seus usos, para que haja um aclaramento sobre as afirmações que precedem, uma vez que atingem a imagem do Instituto.

Considerando que proporcionar a circulação de informações corretas é a função primeira de qualquer órgão da imprensa, solicitamos que os referidos jornais publiquem as correções que fizemos acima, na íntegra. Consideramos ainda, que essa publicação é um direito de resposta garantido ao IPOL diante da ação difamatória de que foi alvo.

No aguardo de confirmação de recebimento deste email e da confirmação da publicação imediata do texto corrido, apresento minhas cordiais saudações.

Rosângela Morello
Coordenadora do IPOL