São Sebastião do Caí, Rio Grande do Sul, Brazil

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Resgatando o Hunsrickisch





Porque me interesso em divulgar o dialeto alemão Hunsickisch? 

Eu vi há mais de 11 anos que o nosso alemão estava se diluíndo no português. Decidi lutar para manter o mais puro possível nossa língua original. Este assombro tive, quando fui convidado para uma 1ª comunhão em Roncador, localidade do interior de nossa cidade São Sebastião do Caí, tipicamente alemã. Após à cerimônia, todo mundo saindo da igreja, vi uma menina de seus 10 anos de idade comentando com outra: 

- Di cerimônia wód bonita. Awa eu acho que de phóda podiad diminiuir de sermão porque de pé blaibe aguentiert niemand! Eu fiquei ganz cansada, maine pernas tun doendo un fiquei com luste de sair in de mitte de cerimônia. 
(TRADUÇÃO: A cerimônia foi bonita. Mas eu acho que o padre podia diminuir o sermão porque ficar de pe ninguém aguenta! Eu fiquei completamente cansada, minhas pernas estão doendo e fiquei com vontade de sair no meio da cerimônia.) 
A outra menina retrucou: 
- É, das is verdade! Imagina só, di Íria ficou mit dem nenê no colo di gans missa! Mus di cansada senn, muito mais que du, wall de peso fon dem nene is grande. Olha só wi de gordo is: de pesiert bastante! 
(TRADUÇÃO: É, isto é verdade! Imagina só, a Íria ficou com o nenê no colo durante toda a missa! Como ela deve estar cansada, muito mais que você, porque o peso do nenê é grande. Olha só como ele é gordo: ele pesa bastante!) 


                                          





Eu fiquei estarrecido com o que ouvira pois não imaginava que naquele recanto só de descendentes alemães as crianças estivessem misturando tanto o alemão com o português. 
Pedi a agenda que minha esposa sempre carrega na bolsa emprestada e tomei nota desta conversa, de tanto que ela me impressionou. 
No dia seguinte falei com o editor do jornal Fato Novo de nossa cidade (São Sebastião do Caí) e o mesmo me abriu caminho para escrever uma coluna semanal em alemão dialeto. Assim, surgiram as colunas: Bissie Gelô (pequenas mentiras, ou, meias verdades) e a coluna:Hin un Hea (pra lá e pra cá, ou, por aí). A primeira, sempre recontando as histórias que se ouvia antigamente, engraçadas e originais, e a segunda, crônicas e ensinamentos. 
Nestes anos todos, tenho mais de 200 colunas escritas, e com isto, aprendi e reaprendi muito sobre o nosso alemão original. 

2 comentários:

  1. Sou descendente de alemães, tendo interesse em aprender o Hunsrickisch só que não sei por onde começar. Você poderia me dar uma dica? Agradeço desde já.

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  2. Prezado(a) leitor(a) do meu blog.
    Infelizmente não existe, a menos que eu saiba, algum curso que ensine o nosso alemão hunsrickisch. Ele somente existe em forma de sites e blogs na internet, e dando uma vasculhada, um dos, ou senão o único blog/site ativo neste tema é o meu. Então, minha sugestão é que você veja os vídeos que postei aqui e acompanhe a legenda para entender o que está sendo falado. E, nos áudios, que os ouça enquanto acompanha o texto em porgutuês. Eu sempre gostaria de colocar o texto original e a tradução lado-a-lado mas o espaço deste modelo de blog não permite isto.
    Mas, voltando à sua curiosidade, não existe fórmula mágica para se aprender uma língua. A maneira mais prática é ir morar num lugar onde esta língua ainda está 100% preesente (Harmonia, Bom Princípio, Tupandi, São Pedro da Serra, Salvador do Sul, São José do Sul, Feliz, Maratá, Nova Petrópolis, etc...)
    Caso contrário, continue aprendendo comigo e fazendo perguntas sobre o que não entende ou gostaria que ensinasse. Estamos aqui para nos ajudar.

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